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Em pedaço(s)

  • Bruno Piva
  • 24 de jun. de 2015
  • 1 min de leitura

Escorria-lhe o sono perturbado de uma inconsolada veterana. Terra e céu, entranhados pelo fogo sólido que a água apagou. O inferno cotidiano de seus sonhos para além da sua mente, anunciava a profecia vagarosa de um lugar desconhecidamente estranho. Já não bastava acordar com suas olheiras de noites mal dormidas, mirar-se no espelho e suspirar de alívio. O reflexo do céu resplandecente espelhava o dissabor de focos que delimitavam seu despertar, em formas quadriláteras que lhe cercavam a cada pedido de socorro. A cada dia, aquele céu perdia seu espaço no concreto da selva, sugado e preso pela vibração da lama que tornava a se endurecer após mais um estágio de chegar ao fim. Ela, então, aturdida pelas imagens, molhava seu rosto na esperança inútil de apagar aquele presságio. A terra avermelhada, inquieta pelos giros da vida da morte, intensificava-se em bolas de fogo que mergulhavam novamente no azul de seus olhos cansados, despedaçados em blocos frios e solitários. O espelho rachado de suas marcas.


 
 
 

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