Cartas na mesa
- Bruno Piva
- 24 de jun. de 2015
- 2 min de leitura
- Entre...Bem-vindo.
- Venho bem.
- De onde?
- De fora.
- Como se sente?
- Frio e vazio.
- Sou eu?
- Sinceramente, sim... Espantada?
- Surpresa, talvez.
- Seu dia chegaria.
- Verdade. Cansada de jogar só.
- Jogar só? Não se joga sozinho.
- Paciência. - Tem razão. Paciência.
- Não é minha especialidade. Por isso o cansaço.
- Deveria tentar. Só se aprende jogando...e só.
- As pessoas entram, eu jogo e elas saem...paciência.
- Elas tentam. Você insiste, mas elas, impacientes.
- Não sei. Persistentes em seus destinos.
- O amor: persistência ou destino?
- Questão de espírito. O lado que você está. Dar ou receber amor?
- Tanto faz. Praticar, melhor. Sem pesar os lados.
- Amor é intimidade. Você...quem?
- Um apaixonado por flechas.
- Flerta e acerta? - Sem espadas.
- Copas ou paus?
- Para mim, ouros.
- Então descarto meu escudo.
- Infla num sopro esse coração a um desconhecido?
- Como jamais desconheci antes.
- Sente-me próximo como um varão?
- Mais potente que um rei.
- Se acaso me afastar, o que sobrará?
- Uma donzela, só.
- Uma rainha vermelha. Pulsa calor.
- Assim me enrrubreço.
- Tanto mais enrrubrecida, melhor.
- Já me embaralha toda...
- Num piscar de olhos, te acendo.
- Sentirei sua falta.
- Uma hora tenho que ir.
- Sinto te perder
- Se ainda estou aqui...
- Minha vista...embaralhada.
- Ainda estou aqui...
- Você me ouve?
- Estou aqui.
- Sua imagem se dissipa.
- Aqui. - Acendo a luz?
- A chama que virei.
- Enviarei novas cartas.
- Uma hora. Tenho que ir.
- Agora?...Passou...
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