Point Zero in Versalles
- Daniel Metrius
- 11 de mai. de 2015
- 7 min de leitura
Mulher Careca e uma adolescente nascida na praça da República em pleno palácio de versalhes.
–Aqui é mais seguro, vem mais pra cá!
–O que há contigo? Tomou um MD pra ficar deste jeito?
–Não sei do que está falando, minha jovem. E antes mesmo que se espante com o que lhe direi, prometa-me segredo frente aquilo que vou te dizer agora. Pois
se trata de algo da maior importância para todos nós.
–Seu nome então é Maria Antonieta? Mas, a realeza é difícil de se esquecer nesta pista.
–E no que refere a ti, posso contar-te de onde vens?
–Eu nasci no bairro gay, nos arredores da praça da Republica entre o seu reino e a dos demais coroneis. Resolvemos tomar o palácio do governo para fazer uma
festa de lançamento de algumas das marcas que irão patrocinar o nosso lindo evento de militância “Queen”.
–Meu Deus, o que será de mim neste carnaval de revoltosos sem causa? Dentre tantos outros foliões estarão os filhos de Robispierre para rir da minha cara?
Estou com medo de cair nas mãos destes anarquistas, e cair na guilhotina. Vejam como estou?
–Quer perder a cabeça mesmo com isso? Por hora foi só o cabelo.
–Estou tensa com esta ideia de me matarem em praça pública, e sei que é um erro não pensar no agora, pois esta festa parece tão divertida. No entanto, temo
pela minha segurança. E vos digo, criança minha, até porque nada tive haver com as excentricidades do reinado de Luis, e do vis cardeais que tem da história
homens feito Torquemada, e Mazarino como patronos da bastilha decaída pelos revoltosos.
–Eis os jacobinos prestes a matar uma mulher já estuprada e destronada, se te pedem a cabeça na guilhotina, não perdoam sua rainha cuja pena bem se vê na
inveja destes na mudança.
–Pois que seja!
–Vais morrer, milady, pela sua inocência em ter dos subitos, teus escravos e servis sem querer saber. Mas não serás por mim, Maria, porque não me interessas
saber. Só quero curtir a festa e dançar mais até o fim do último dia.
–O que pretendes fazer agora que sabes quem sou?
–Nada! Se sei da tua vida já fiz questão de esquecer, és minha amiga, e que me importa? Se não te conheci a ponto de lembrar que és rica, responda do porque
de minha lealdade. Quem pode responder por isso sendo corrupto por natureza? Fui a criada, empregada e pagem, e as vezes cortesã que adolesce com homens
de posse, sem mais. Cartão rosa em capas de luxo.
–Eu vivo nestas festas para divertir desavisados, uma espécie de judas desapropriando-me da fortuna em dívidas jamais vistas por mim. O emprego social da
rainha é o caos.
–Eu sei que não devia dizer isso.
–Fale, não sou rainha para ti, e nem pra ninguém. Tenha-me como amiga neste começo de ultimo dia. Emploro pela tua amizade, menina da minha simpatia.
Pegue!
–Que linda coroa!
–Está vendo isso?
–Estas brilhantes verdes?
–Sim... são esmeraldas vindas da Guiania.
–Porque estás dando isso a mim?
–Estou careca, e espancada demais para compor a beleza desta peça.
–Este cordão aqui?
–É a minha cura diante da metástase, o caminho mais rápido para a fim de partida.
–Admiro alguém tão debilitado querer passar seus últimos instantes numa pista de dança.
– Este salão sempre compôs meus dias, feitos inmemoriais que varem o efeito passado deles. O fim de uma idade tão pueril. Achincalhada na rua, e em praças,
pelas bandejas da prataria de Versalhes. Olha o meu palácio e as mobilias, tudo foi levado da etiqueta. Restou o vázio.
–Posso te convidar para dançar com a nossa dor, Milady!
–O que dissera anteriormente quando te chamei pra cá?
–Se estava sobre efeito de drogas, perguntei se consumiu um tal cristal. Metafetamina. Um paraíso artifícial muito usado nestes tempos mais presentes de
começo do último dia.
–Não seria a pílula do amor?
–MDMA é outra coisa.
–Não caberia dizer o que seria prontamente se soubesse a química.
–Fiquei contente por terem destruído a bastilha. Só lamento não ter êxito na fuga quando os vassalos vieram nos escoltar até Paris.
–Substâncias industrais de tempos que aproximaram a nossa espécie das listas de outras em extinção. Muito comum em produtos de limpeza.
–O povo se droga com isso?
–Um rato é vendido por dois francos, minha senhora! O que não nos reserva o futuro?
–A água está mais cara que o leite das vacas. Disso eu sei, por vir do futuro.
–Faziam lavagem cerebral em sua época, criança?
–Sabe que conversando contigo agora, tenho uma impressão boa de não ter certeza de nada.
–Isso também pode ser injetado no anûs sem seriga?
–O MD?
–Sim.. aqueles que são servidos em saquinhos de 3x3 centimetros feito acuçar da companhia das índias ocidentais. Antes chamaram estes piratas de companhia
da Cana além mar, e hoje são os tais do Narcotráfico que voltam as novidades para cá.
–Mas, a vida nos trouxe surpresas no caminho para o futuro dos vícios.
–Neste tipo de festa é comum usar com o intuito de fazer sexo?
–Estranho ouvir isso de meus lábios tão jovens, mas comento com a destreza de uma amante profissional. A necessidade não faz as pessoas, vossa majestade?
–Claro que sim, tens razão, infância perdida. Deixa eu provar um pouco disso.
–Perdi os dentes fumando isto no cachimbo, já tentou?
–Não são dentes de leite? Não use mais deste modo que te estraga a beleza que és.
–Veja-se no espelho antes de vir falar em beleza.
–Está fria, e triste, só agora? No mais isto era o gosto pela vida em outrora.
–Eleva a temperatura do corpo a cada investida dos que te rasgaram as vestes.
–Eles permitiram que eu fechasse teus olhos antes das atrocidades do porvir.
–Batimentos cardíacos em niveis perigosos O desfilibrador é um grito surreal.
–Menos propenso a dor do que na culpa de achar que merecia passar por isso.
–Fiquei dias sem comer. Nunca fiz coisas que eu pudesse me arrepender com estranhos.
–Sexo duradouro pode te fazer sangrar por dias, minha amada rainha.
–Você tem um pouco para compartlhar comigo?
–O que faria com isso?
–Acho melhor não injetar desse jeito que diz.
–Vai trocar a camisinha dos seus violadores a cada trinta minutos de sexo selvagem?
–Três dias sem dormir, é isso?
–Ninguém se mantém livre da peste no começo dos últimos dias, senhora minha.
–Não sei como viver o dia de hoje, e sabe lá o que me resta.
–Melhor não pensar, Milady.
–Um corpo que pesava 53 Kilos medindo 1,65 metros de altura, varia da fome e da invenção longe de sua fé em um futuro há muito esquecido pela igreja.
–Está achando que todos estes corpos vão te pegar, tia?
–O que está acontecendo comigo?
–Onde estão as minhas roupas?
–E quem é você?
–Não... Eu fui roubada e sequestrada pelos da plebe rude.
–Ainda estás em Versalhes, não é?
–O Palácio virou um antro para vagabundos, e drogados.
–Quer a visita do padre?
–Deve estar morto a esta hora.
–Uma grama dá pra seis pessoas ficarem bem animadas?
–De MD?
–Sim... a depressão faz parte do processo da ressaca de dias. Eu aceito uma dose.
–Tome tudo que tiver nesta garrafa.É gin misturada com absinto e pisco peruano.
–Obrigada, sinto-me melhor com esta sensação de perfeição. Que maravilha!
–A paranoia vai começar daqui a uma hora.
–Eu ainda acho que este lugar não está seguro para ficarmos, minha criança.
–Quer fugir de quem?
–É o povo que quer me matar, quem és o inimigo? Como vou saber se são tantos os inimigos do rei e da rainha.
–E o que dirá eu da culpa de nascer no meio da praça da república.
–Você se orgulha disso?
–Cavalos tem orgulho pelas corridas que ganham ou perdem?
–Eu não sinto a consciência destes animais em nossos propositos de esporte.
–Não consigo mais dormir.
–E o que quer fazer a respeito disso, minha rainha?
–Já estou dançando enquanto converso com você.
–Eu nem reparei, acredita?
–Chorei por horas antes de vir daqui.
–A ausência do apetite é o melhor para os pobres de todas as praças da república.
–Os danos são muitos, e eu prefiro não sofrer ainda mais com o julgamento público.
–Não consegue passar um minuto sem ranger os dentes?
–Eu nunca quis fazer sexo com ninguém.
–E o rei?
–E o que tem ele?
–Dizia que usava LSD no café da manhã, e chamava isto de cravagem.
–E logo em seguida, vamos tomar outro MD puro!
–Vai perder a cabeça antes mesmo de chegar a guilhotina, minha rainha!
–Meio selo e um quarto de cristal não fará mais mal.
–Tudo com medidas e sem excessos, viu menina!
–Estou doidona, e não tenho como medir nada deste jeito. Podes ver isso pra mim?
–Vou tentar... Não estou no meu melhor momento, sabe?
–Consegui preparar a nossa viagem, Milady.
–Fico a imaginar um adulto sem manias ou vícios.
–É uma criança marrenta sem os pais.
–Não seria você, minha garotinha?
–Já não me respeitam a infância desde os nove anos de idade.
–O infante é sempre um sem voz, e sujeito aos duros segredos dos abusadores.
–Quer alucinar com o MD até que ponto, Milady?
–Não sei o que tens vivido, mas adoro viajar ouvindo música.
–Eu bem vejo pelo tempo que estás nesta pista.
–Tres dias sem parar.
–Consegue ouvir o que está tocando?
–Consigo sentir os osciladores de frequências, e todos os hertz.
–E o entendimento disto nos teus passos?
–Não sinto nada mais do que uma bolha saltitante, uma gravidade que se alterna do peso, para a leveza do meu ser. Eu vejo tudo espelhado dentro desta bolha.
–Acho que podes viver seu último dia, no salon noir, Milady.
–Acha que terá muitos homens dispostos a nos quebrar a vergonha da entrega?
–Após um bom champagne e um MD... acho que sim.
–Agora sim a realeza está completa! Vinde minha criança, vamos todos para o fim.
–O que está ouvindo?
–1200 microgramas. E=mc²
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