Arranha-te
- Ian Boato
- 28 de abr. de 2015
- 1 min de leitura

Ele tinha defeitos de parede.
Infiltrava onde achava que tinha que infiltrar. Reboque mal feito. Uma pintura mal acabada. O cheiro dele era muito forte. Um cheiro de álcool, uma bebida vagabunda. Aquele bafo de cachaça, chegava enjoar.
Então ele saiu da sala. Esperei. Ele voltou com uma peça de carro, com as mãos sujas de graxa e disse:
-Sai. Agora.
Eu sai pela porta dos fundos. Meio de costas, olhei de canto.
Eu vi. Aquele puta arranhão no braço direito.
Sangrava.
Autorretrato baseado na obra de Adriana Varejão “
”
Comments