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Autorretrato III

  • Daniel Metrius
  • 26 de abr. de 2015
  • 2 min de leitura

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Ilustração 1: La fontane II

Corta e tatua a pele nas paredes feito um animal NUMA FODA SEM MIM. Deslisa da lâmina e apara planos e curvas perante o asfalto noir na cara de espíritos só vistos por ela– uma barba mal feita desapercebesse, mas sua crina suja de quem corre de alguém com uma arma na mão, vem assim tão sem direção. Sujeira do rosto adulto de quem nunca foi criança para mim e só existe nos retratos da sala de estar por coveniência de psicologos e padres, uma dura cicatriz não se compartilha no facebook. Morre-se bem com isso, e nem se exalta a um namorado que se esquece em seguida.


Em algum lugar desta casa, ela foi flagrada numa transa com o carinha da escola e isto caiu no 4 CAM, e seu namorado se deu a terceiros num terno gang bang no vestuário masculino que ambos contemplamos no you tube, durante anos que findam as nossas recordações degradantes até hoje, o hábito inesperado no barzinho da cidade pelo celular.


Incisões programadas...ela quer se matar. Mas acredita no budismo, e se martiriza por não tentar.


Goza com filetes de uma navalha chamada Bárbara Clara, e rasga a tela com ela. O habitat aquoso da madeira em um reino na banheira do teu sangue imudo azuleja o cu dos cães numa foto ainda mais ridícula. Ela quer se matar, mas não agora, não neste instante... ela só quer gritar. Pensa numa farsa de um tal afortunado Lúcio Fontana, e compos sua perfeita mentira chamada La fontana II.


Como uma espécie de remake de um tempo que ainda não acabou. A era das insignificâncias mais pessoais de uma elite que goza de ignorância e loucura quer mais audiência. Legaram as justificativas de sua morte na TV, e diante do poder público, e cultural, fizeram a Vale do Rio Docê construir um ótimo ponto turístico em Minas, não com o dinheiro da Tela, pois ela deu no pé com tudo e comprou um lugar no céu. No não lugar antes da sua compania. O grito e eu. O crime como contação de estórias acerca de um quadro estupido, e leiloado por uma fortuna infeliz. Tudo mentira! Mas

se vende e se lucra com isso. Ela usou até a madeira da cadeira pra fazer aquela bosta.


Fiquei indigninada com a compra daquilo, mas agradeço ao inglês rico cretino pelo dinheiro.


Quarto exercício - Auto retrato em terceira pessoa sem a mesma personagem modelo e ainda mencionando uma obra de arte - Adriana Varejão – tela ‘Parede com Incisões à La Fontana II’ ano 2001 - uma homenagem a Lucio Fontana (1899-1968).


 
 
 

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